O exercício do
julgamento sempre fez parte das prerrogativas do ser humano. Conclusões de
juízos, no entanto, necessitam de uma mais profunda apreciação pelas partes
envolvidas. Por essa questão muitas das vezes passamos horas de nossas vidas
avaliando o quanto fomos precipitados em várias situações e nas conclusões as
quais definiram por longo tempo a nossa maneira de viver.
Rever conceitos e
paradigmas nos quais nos enclausuramos durante longos anos de nossas
trajetórias cristãs é algo que sempre encontra resistência. Então quando
paramos para fundamentar melhor essas atitudes concluímos o quanto somos
injustos com alguns ministérios pastorais de diversas igrejas.
Sobre um comentário
intitulado “Juízos precipitados” (2008), escrito por um pastor renomado foi extraído
o seguinte:
- Em um relatório
recebido em meu gabinete sobre o corpo de obreiro de uma conceituada igreja
foram evidenciadas algumas características no grupo de trinta e sete obreiros,
que ora julgo tais características bastante relevantes para um pastorado
eficiente.
Apesar de não serem
conclusivas, pois de um total de cento e vinte, baseasse em trinta e sete,
penso que esses representam apenas certa parcela desse total, o qual oro para
que não responda pelo todo.
Penso ainda, que fazer
julgamentos precipitados não é bom para um cristão com mais de trinta anos de
fé, cerca de quarenta cursos de capacitação, seminários e palestras relativos à
área ministerial, bem como, extensas horas da leitura da Bíblia Sagrada.
Além desses cursos, os
de Bacharel e Pós-Graduação em Teologia e formação superior; sinto que esses detalhes não me qualificam
para emitir qualquer tipo de juízo a respeito de qualquer ministério, até
porque a amostra estatística que fora empregada para fundamentar as conclusões
é irrisória para um espaço tão amplo e tão sujeito a objeções.
Pois bem, o perfil verificado desses trinta e sete obreiros
foi o seguinte:
- Formação Teológica = 12
(32,40%) (incluindo a básica, a média e a superior);
- Formação Secular = 18
(48,6%) (1º, 2º ou 3º Graus completos);
- Oriundos de casa de
recuperação ou com passado envolvido com entorpecentes diversos = 26 (70,30%);
- Profissão com relação
direta com o ministério = 2 (5,4%);
- Dependência
financeira exclusiva da igreja = 28 (75,7%);
- Voluntários com renda
extra = 08 (21,6%).
- Relacionamento
familiar equilibrado = 21 (56,80%);
Bom, sendo esse o quadro das características
incidentes, não as encaram como suficientes para um juízo conclusivo sobre o
perfil ministerial dessa igreja, pois esses fatores podem ser biblicamente
justificados:
- A formação teológica
não pode ser uma característica fundamental, ainda que Jesus tenha dito: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o
poder de Deus” (Mt 22.29);
- A formação secular
tem a sua importância, mas pra que se somos novas criaturas e a observação
feita por Paulo sobre sermos mestres não tem muita relevância: “... e outros para pastores e doutores (Ef.
4.11);
- Egressos de casa de
recuperação devem ter seu espaço no ministério, pois quinze anos nas drogas,
não são nada diante de seis meses de abstinência, mesmo que o conselho de Paulo
a Timóteo seja a homens idôneos : “E o
que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que
sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Tim 2.2);
- Relacionamento
familiar equilibrado é de extrema importância, mas muito complexo em virtude de
envolver todas as situações anteriores (boa formação, bom emprego, bons
antecedentes familiares, estabilidade emocional e espiritual).
Certamente que há uma
ironia presente na argumentação do autor, que não tem a intenção de defender a
questão do juízo precipitado, mas claramente evidenciar o quanto inúmeras igrejas
e ministérios são preenchidos por obreiros com esse perfil, tendo em vista que
Jesus faz uma seria advertência “Não julgueis, para que não sejais julgados, Mt
7.1; entretanto, podemos perceber que as características evidenciadas denotam a
força de uma comunidade quando são positivas e uma fraqueza ministerial muito
grande quando negativas, tendo em vista que todas elas refletem diretamente no
convívio e na espiritualidade da comunidade ou igreja local pastoreada ou
supervisionada por obreiros com esse perfil. Então, que fazer? Nessa situação
só há uma alternativa: entregá-los ao verdugo do pré-jugamento.
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